Luiz Raphael / Fotos: Sedest/IAT / AEN PR |
Diante da crise hídrica na Bacia do Rio das Cinzas, no Norte Pioneiro, o Instituto Água e Terra (IAT),
órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do
Turismo, estuda as medidas necessárias para evitar danos ambientais no
local. Os rios da região estão bem abaixo da cota média, cuja medição é
feita de acordo com o volume de chuvas.
O Norte Pioneiro é uma região tipicamente agrícola e representativa
para o lazer, recreação e pesca. Entre as medidas de emergência que
podem ser tomadas pelo órgão ambiental, com o baixo nível dos rios, está
a proibição da atividade pesqueira a fim de garantir a preservação da
fauna nativa e suspensão de emissão de Outorga para Uso da Água
para irrigação.
O IAT faz a medição do nível dos rios em todo o Estado e os dados são
atualizados toda semana no site do instituto através do sistema do hidroinfoparaná.
Somente na Bacia do Rio das Cinzas, são 15 estações fluviométricas, que
mostram níveis abaixo da cota de alerta hídrica em 75% dos pontos
analisados.
De acordo com o diretor-presidente do IAT, Everton Souza, esse tipo
de informação oferece suporte para que o órgão ambiental possa tomar
decisões e compartilhar com a sociedade.
“Com esse sistema, fica mais fácil para a sociedade compreender as
medidas que precisamos tomar, como a proibição da pesca e da queima da
cana-de-açúcar, por exemplo”, disse. “Estamos em uma crise hídrica em
que, historicamente, tem estações que nunca tiveram níveis tão baixos
como agora”.
“Todos os rios do Estado estão com nível abaixo da cota média, porém a
situação do Norte Pioneiro é bem preocupante”, disse o gerente de
Fiscalização e Monitoramento do IAT, Álvaro de Góes.
A Bacia do Rio das Cinzas, que compõe os rios do Norte Pioneiro,
contém dois grandes e importantes rios: o das Cinzas e o Laranjinha. A
área total deles representa 8% do território paranaense, onde vive
população estimada de 500 mil habitantes.
De acordo com o chefe regional do IAT de Cornélio Procópio, João
Carlos Ferreira, a crise hídrica na região é uma preocupação do IAT há
mais de um ano. “Com o nível baixo dos rios, a principal preocupação é
com a pesca predatória e, com isso, acabamos intensificando a nossa
fiscalização para evitar essa atividade”, afirmou. “Estamos com esse
alerta ligado há alguns meses e não vemos melhoras”.
PEIXES – Enquanto as políticas
públicas não são oficializadas, é preciso que as pessoas tenham
conscientização para não comprometer a população futura de peixes. “As
matrizes nativas do Estado podem ser prejudicadas, caso sejam retiradas
das águas nessa crise hídrica”, destacou Ferreira. De acordo com ele, a
região é bastante rica em espécimes de peixes nativos, como pintado,
dourado, barbado, curimba, piapara, piava e pacu.
NÍVEL DOS RIOS – O Rio Laranjinha
está com apenas 33% da cota média de água. Isso significa que a
população de peixes perdeu 67% do seu habitat natural. A cota média do
rio é de 124 cm e, atualmente, está com 42 cm.
O que se vê, especialmente no trecho da ponte que liga os municípios
de Nova Fátima a Ribeirão do Pinhal, onde se encontra o
Laranjinha, utilizado para o abastecimento público dos municípios
Jacarezinho, Joaquim Távora, e Quatiguá, é pouca água, com as pedras já
totalmente expostas.
No trecho do Rio das Cinzas, na ponte que liga Bandeirantes a Andirá,
o nível da água está em 34 cm, diante de uma cota média de 90 cm, o que
representa 37% da normalidade. Neste rio, existe a captação de água
para abastecer os moradores de Bandeirantes, Tomazina e Andirá.