Floresta amazônica já emite mais gás carbônico do que absorve, aponta estudo

Bruna Alencar / G1 / Foto: BBC


Estudo publicado nesta quarta-feira (14) na revista científica Nature, liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que regiões da floresta afetadas pela degradação ambiental estão levando o conjunto da Amazônia a emitir mais carbono do que consegue absorver.

Luciana Gatti diz que a segunda “má notícia” é a descoberta de um efeito secundário do desmatamento: a emissão indireta de carbono causada pelo impacto da diminuição das chuvas na fotossíntese.

“É sabido que acontece uma emissão direta com a queimada. A emissão indireta acontece porque, segundo o que observamos, as regiões desmatadas apresentam maior perda de chuva, principalmente na estação seca (agosto a outubro)”, explica a pesquisadora.

Com a queda o volume das chuvas, a temperatura subiu 2°C no nordeste da floresta e 2,5°C no sudeste, e esse “estresse” afetou a fotossíntese, fazendo que as árvores emitam mais CO2 do que em situações normais para compensar o desequilíbrio.

Segundo Gatti, atualmente a floresta emite – além do que consegue absorver – 0,29 bilhão de toneladas de carbono por ano para a atmosfera.

A pesquisa aponta que o principal ponto que leva ao desequilíbrio é a região sudeste da Amazônia, que faz fronteira com outros biomas e também concentra parte do chamado “Arco do desmatamento”, região vulnerável do bioma pelas pressões do desmate e das queimadas.

De acordo com a revista e com os envolvidos no estudo, essa é a primeira vez que um estudo aponta a diminuição no potencial de absorção da floresta. Segundo Gatti, a mudança na metodologia de medição do carbono permitiu que o grupo chegasse a uma conclusão ainda inédita na comunidade científica.

“Outros projetos ainda não chegaram a essa conclusão porque eles medem o carbono disponível no tronco das árvores, enquanto a gente mede o gás carbônico direto na atmosfera. Nós medimos o CO2 que está no ar e que é resultante de tudo que está acontecendo na Amazônia”, explica Gatti.

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