
Matéria especial/Portal NPOnline/Foto: Divulgação
Em um mundo onde a produtividade é constantemente exaltada, a saúde psicológica da população tem se tornado uma preocupação crescente. A rotina intensa de trabalho, muitas vezes sem pausas adequadas e com jornadas exaustivas, tem levado milhares de pessoas ao limite físico e emocional. O que antes era considerado excesso ocasional, hoje se tornou rotina para grande parte da população ativa.
TRABALHO SEM LIMITES E A PRESSÃO CONSTANTE
Nos últimos anos, especialmente após a pandemia de Covid-19, a linha entre trabalho e vida pessoal ficou ainda mais tênue. O modelo híbrido e o home office, que prometiam flexibilidade, acabaram estendendo as jornadas de trabalho para dentro de casa. A facilidade de acesso a e-mails e mensagens fora do expediente criou um cenário onde o trabalho nunca realmente termina.
Profissões que exigem alta performance, como as do setor de tecnologia, saúde, educação e serviços essenciais, são as mais afetadas. De acordo com um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior número de pessoas diagnosticadas com síndrome de burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e mental relacionado ao trabalho.
O PREÇO DA AUSÊNCIA DE DESCANSO E MOMENTOS EM FAMÍLIA
A falta de pausas adequadas e de tempo de qualidade com familiares e amigos também tem seu impacto direto na saúde mental. Psicólogos e psiquiatras alertam que momentos de lazer e convivência são fundamentais para o alívio do estresse e para a manutenção do bem-estar emocional.
“Sem essas pausas, as pessoas passam a viver no modo automático, acumulando estresse e sem tempo para processar suas emoções. Isso gera quadros de ansiedade, depressão e até transtornos mais graves”, explica a psicóloga clínica Mariana Santos.
ADOECIMENTO INVISÍVEL E NATURALIZAÇÃO DO ESTRESSE
Muitos trabalhadores sequer percebem os primeiros sinais do adoecimento psicológico. Insônia, irritabilidade, cansaço constante, falta de motivação e dores físicas sem causa aparente são sintomas comuns que, por vezes, são ignorados ou tratados como ‘parte da rotina’. Essa naturalização do estresse crônico tem consequências graves a longo prazo.
O psiquiatra André Nascimento alerta para os perigos dessa negligência: “A saúde mental precisa ser cuidada de forma preventiva. Acreditar que cansaço extremo ou tristeza constante são normais é um erro que leva muitas pessoas a buscar ajuda somente em estágios avançados de adoecimento.”
BUSCAR EQUILÍBRIO É URGENTE
Especialistas reforçam a importância de limites claros entre trabalho e vida pessoal, além de políticas públicas e ações por parte das empresas para promover ambientes saudáveis e acolhedores. Programas de bem-estar, incentivo ao descanso e jornadas flexíveis são algumas das soluções apontadas.
Além disso, é essencial que cada indivíduo busque resgatar momentos de convivência com a família e amigos, além de valorizar o lazer e o autocuidado como práticas essenciais para uma vida saudável.
Em tempos onde ser produtivo é visto como sinônimo de sucesso, talvez o maior desafio seja lembrar que a saúde mental e a qualidade de vida são, na verdade, os verdadeiros bens mais preciosos.